A expressividade liberta.
Estamos falando do desenvolvimento de software, ciência tão complexa e fascinante quanto qualquer outra.
E que de uma forma bem grosseira e superficial podemos encarar como uma tentativa em traduzir um ambiente, procedimento ou ação do mundo real para o mundo dos bytes.
Hoje o desenvolvedor tem nas mãos uma parafernália robusta e completa para auxiliá-lo – IDEs, frameworks, metodologias e o que mais for preciso. Mas não pense que com tantos tais avanços é raro ou impossível cometer atrocidades. Ledo engano.
São muitos os motivos que levam projetos a falhar ou terem pedras no sapato e dores de cabeça. Hoje vamos falar apenas de um, que por parecer ridículo ou até inexistente, vem dando trabalho desde que o mundo é mundo – a falta de expressividade.
Hoje vemos pessoas ou grupos engajadas em disseminar boas práticas e a estudar como poderemos no futuro construir software de forma ainda mais eficaz e segura. Esse seleto grupo sempre consegue estar um passo à frente e ir além. O termo “seleto” está grifado, porque, por mais incrível que pareça, o desejo pela excelência, superação e em fazer mais e melhor não é natural a todos os profissionais ou empresas.
É uma deformação que incha o mercado de forma perigosa. E um dos motivos pelos quais vemos projetos em petição de miséria e causando calafrios nos envolvidos.
Um fator de destaque nestes grupos é justamente a expressividade.
O desenvolvimento é um processo interativo, pessoal ou remotamente. Em algum momento alguém vai precisar envolver-se com aquele fragmento de código que você construiu e é aí que a expressividade finalmente revela o seu valor.
Para bom entendedor pingo é letra!. Alto lá! Por algum motivo ainda obscuro, desenvolvedores têm fascinação por abreviações, siglas, acrônimos e afins. Não podemos generalizar, é claro, mas essa é uma prática comum.
Se um dos métodos da sua classe mais importante chamar-se processarPedidosComExecuçãoLiquida (é um exemplo, uma combinação aleatória de palavras), que assim seja; a depender do contexto (aqui suprimido) podemos acabar sendo redundantes, e é importante estarmos atentos para evitar isso – mas como neste exemplo, pressupõe-se que qualquer pessoa com entendimento mínimo sobre o negócio em si é capaz de ler e deduzir os objetivos deste método, sem ter que recorrer ao glossário, dicionário ou amigo na mesa ao lado.
Afinal poucas coisas são tão frustrantes como deparar-se com variáveis como X, var1, temp_var_cod_prod_whatever e por aí afora, às vezes usadas mais de uma vez no mesmo contexto, uma lástima!
Agregar recursos é uma outra prática comum e que dificulta severamente a suas chances de ser expressivo; existem por aí funções cujo o nome se chama Salvar, porém além de salvar, lavam, passam e servem café.
Assim fica difícil alcançar a plenitude da expressividade – faça uma coisa por vez e dê nomes (certos) aos bois!
O que mais se aproxima do caminho das pedras: como em tudo nessa vida não existem regras, fórmulas perfeitas para o sucesso. Existe bom senso e é ele que deverá guiá-lo rumo a excelência.
Abaixo alguns trechos do texto The Zen of Python para encerrarmos o assunto.
Legibilidade conta
Ao encarar a ambiguidade, recuse a tentação de adivinhar.
Deveria haver uma – e preferencialmente apenas uma – maneira óbvia de se fazer isto.
Se a implementação é difícil de explicar, é uma má idéia.
Se a implementação é fácil de explicar, pode ser uma boa idéia.
O texto completo é uma leitura interessante e recomendada, vale tanto para o desenvolvimento de software quanto para a vida!
Dizem as más línguas que se passa mais tempo revisando e ajustando código do que propriamente criando. Isso sendo verdade (alguém tem o o link?) a importância da expressividade é elevada a um valor astronômico. E agora mais uma citação da melhor linguagem de programação do planeta (até hoje pelo menos) que define tudo: explícito é melhor do que implícito.
o texto O valor da expressividade no código foi escrito originalmente para o portal webinsider