Alguns anos atrás, após experiências frustradas com waterfall ou simplesmente nenhum outro modelo, eu embarcava na Agilidade; a porta de entrada foi o Scrum, e foi bastante reconfortante perceber que adaptar-se à complexidade que envolve o desenvolvimento de software era efetivamente um caminho.
Papéis, rituais, compartilhamento, entre outras inúmeras características, foram moldando o meu conhecimento e refinando a minha visão em relação a minha carreira, a forma como eu trabalho e o que eu posso devolver ao time, a empresa em que trabalho e afins; e uma das coisas mais interessantes que o envolvimento com o movimento ágil me permitiu, foi buscar (sem perder a sanidade) a melhoria continua.
Com o tempo passando e experiências sendo acumuladas, alcançamos algum nível de estabilidade ¹ e é importante falarmos sobre um ponto importante até chegarmos neste estágio, o Scrum Master. Que é um dos pilares iniciais deste framework, até que ele simplesmente se torna desnecessário.
Dada a quantidade abundante de material sobre o Scrum, não me parece prudente entrarmos em pormenores aqui, mas podemos dizer resumidamente que esta figura é responsável por fomentar a cultura e o espírito ágil na equipe.
Após algum tempo, e com a cultura enraizada; a capacidade analítica da equipe fica mais aguçada, e as pessoas parecem de certa forma compreender que é preciso pensar fora da caixa, que mesmo sendo uma equipe/empresa de software, os aspectos técnicos são importantes mas não vitais.
Não existe solução ideal, e quando você começa a olhar outras equipes, outros modelos, outras formas de se pensar; observamos que poderíamos ir muito além do Scrum.
Um passo significante nesse avanço exploratório se deu quando conhecemos o Kanban; foi preciso repensar algumas coisas para alcançarmos a produtividade que queríamos; e foi talvez nesse ponto que nos demos conta que havíamos perdido o nosso scrum master.
Refletindo sobre todo o nosso trajeto até aqui, imagino ter vivenciado algo que eu particularmente não acreditava no inicio; que um Scrum Master fosse efetivamente cumprir um dos pontos mais interessantes da sua missão: fomentar a cultura ágil até tornar-se desnecessário.
Não! Na verdade o que vimos é que a jornada do Scrum Master pode eventualmente mudar radicalmente; assumir novos papéis torna-se necessário, e finalmente entendemos que as possibilidades que a agilidade proporciona são imensas.
Novas equipes em crise, problemas diferentes, soluções diferentes; esses são sem dúvida, alguns dos pontos que vão preencher o futuro do Scrum Master após o Nirvana
¹ Estabilidade é na verdade uma percepção falsa de que nada irá mudar em alguns instantes.
² Este texto é um breve relato sobre a minha experiência com Agilidade na ISPM e com o sujeito que até outro dia era o nosso Scrum Master.